quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Peça inédita de J. Verne estreia em Coimbra (Actualização)

Volta a cena o Sr. de Chimpanzé, de Júlio Verne, no Museu de Ciência de Coimbra nos próximos dias 28 e 29 de Janeiro às 21h30.

A entrada é livre.

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Cientistas ao Palco é um projeto,
no âmbito da Noite dos Investigadores, uma iniciativa da união europeia, que tem como objetivo aproximar os investigadores/cientistas do público em geral.
Este ano, a proposta portuguesa que envolve quatro cidades portuguesas, Porto, Lisboa, Faro e Coimbra, irá decorrer em simultâneo em várias cidades europeias no dia 25 de Setembro.


Em Coimbra, no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra cuja entrada será livre, cientistas e alguns atores irão a cena com “Sr. de Chimpanzé” de Júlio Verne.

Verne, enquanto autor teatral, não é muito conhecido da maioria das pessoas. No entanto a sua obra neste campo é algo extensa: 5 dramas históricos, 18 comédias e vaudevilles, 8 libretos para óperas-cómicas e operetas e 7 peças escritas a partir do conjunto das suas “Viagens Extraordinárias”. Ou seja, um total de 38 peças.

Sr. de Chimpanzé (“Monsieur de Chimpanzé”), escrita em 1957 com Michel Carré, é uma opereta num ato com libreto de Júlio Verne e música de Aristide Hignard. Foi apresentada pela primeira vez no Théâtre des Bouffes Parisiens, no dia 17 de Fevereiro de 1858, e enquadrava-se perfeitamente na forma e no espírito das óperas cómicas que na época animavam aquela sala parisiense. Foi a cena 13 vezes em 1858 e 3 vezes em 1859. Publicada no Bulletin de la Société Jules Verne, número 57, 1981, páginas 13-32. Prólogo e notas de Robert Pourvoyeur.

As personagens desta opereta são o Dr. Van Carcass, conservador do museu de Roterdão, a sua jovem filha Etamine, o jovem pretendente da filha, Isidore, e o criado para todo o serviço Baptiste. O enredo é simples e divertido, bem ao estilo deste tipo de obra: Van Carcass não autoriza o namoro da filha com Isidore. Este, para se encontrar com ela, mete-se na pele do chimpanzé que Van Carcass aguardava no museu. Uma vez lá dentro, da pele e do museu, as situações cómicas provocadas pelo estratagema de Isidore sucedem-se em catadupa.

A distância a que hoje estamos do momento em que a peça foi criada abre uma série de possíveis novas interpretações para determinadas situações que ali sucedem, como por exemplo no que se refere ao parentesco entre o homem e o chimpanzé ou os macacos, ou à relação existente entre patrão e criado que ali sugere uma especiação social que é comicamente acentuada pelas constantes invocações de Baptiste das suas origens aristocráticas espanholas.

Apesar de esta obra ter sido escrita cerca de dois anos antes da publicação de “A Origem das Espécies” de Charles Darwin, é pouco provável que Júlio Verne tivesse tido na altura conhecimento da teoria da evolução das espécies do naturalista inglês. Isto não nos impede, no entanto, - aliás quase somos compelidos – a apreciar esta peça com as ideias de Darwin a pairar na nossa cabeça.

Poderão dar um salto também ao site marioneteatro.com que irá ser atualizado à medida que o projeto se for definindo.

1 comentário:

Ed disse...

ôôô...
que inveja do público que irá assistir...